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«Os leixonenses são incríveis e especiais»

Por: LSC   |   18-04-2020  |  Futebol   |  
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Numa grande entrevista ao leixoessc.pt, Beto, internacional A português, atualmente ao serviço do Goztepe da Turquia, falou da sua passagem pelo Leixões e de alguns momentos inesquecíveis na sua carreira.

António Alberto Bastos Pimparel, mais conhecido no mundo do futebol como Beto, nasceu a 1 de Maio de 1982, em Loures. Internacional A pela Seleção Nacional, chegou ao Leixões e não mais largou a titularidade, num total de 94 partidas em 3 épocas. Aos 37 anos, continua a defender as redes do Goztepe, atual 8.º classificado da Superliga Turca.

Beto, começou cedo a dar os primeiros toques na bola na UD Ponte de Frielas, a guarda-redes ou outra posição?
Tinha sete anos quando comecei a jogar futebol, precisamente no UD Ponto de Frielas, mas a extremo. Mas logo no primeiro treino, e apesar de ter técnica, o mister Virgílio disse que era muito «gordito» e que queria experimentar-me na baliza... A partir desse dia, já lá vão 30 anos a ser guarda-redes.

Depois apareceu a oportunidade vinda do Sporting CP. Foram nove anos, distribuídos por formação e equipa B. Foi o melhor para crescer como pessoa e jogador?
Sem dúvida que ir para o Sporting Clube de Portugal, foi o melhor que podia ter acontecido. A nível pessoal e profissional, o Sporting foi preponderante no meu crescimento. O meu desenvolvimento técnico e social foi sem dúvida uma das grandes conquistas do clube, não só comigo, mas com a maioria dos jogadores, porque o Sporting tem essa filosofia.

Era jogador e adepto assumido do Sporting CP. Na época de 2001/02, Sporting campeão a jogar contra um Leixões, militante da 2.ª Divisão B, na final da Taça de Portugal. O que achou do Leixões nessa altura?
Nessa temporada, o Leixões tinha jogadores com muita qualidade, orientados por um grande treinador. Chegaram ao Jamor com muito mérito. Lembro-me que, durante os 90 minutos, as melhores ocasiões de golo foram, até, do Leixões.


Teve passagens depois por Casa Pia, Chaves, Marco e chegou ao Leixões pela “mão” de Vítor Oliveira. Foi um técnico que o marcou? Como foi recebido no Leixões, isto depois de vir de um rival, na altura, o FC Marco?
O Vitor Oliveira é, sem dúvida, um dos treinadores que mais me marcou na minha carreira. Pela aposta que fez em mim e pela oportunidade que me deu de voltar a entrar na rota certa do futebol. Portanto, independentemente de ser na altura um rival do FC Marco, aceitei ir pelo projecto que o Leixões tinha. Tive ofertas de clubes da primeira divisão, mas acreditei no Vitor como ele acreditou em mim.

Época de estreia no Leixões, com o Beto a levar a equipa aos “ombros” em muitos jogos. No final a loucura com o regresso, 17 anos depois, do Leixões ao escalão máximo do futebol português. Grande equipa e grande época na altura?
Foi sem dúvida um grande ano para mim, para a equipa e para a história do clube. Quase duas décadas depois, colocamos o Leixões na primeira divisão, o lugar onde merece estar, pelo clube e pelos adeptos.


Seguiu-se a estreia na Primeira Liga, numa época difícil mas com o objectivo alcançado. Depois aquela temporada fantástica com José Mota ao “leme”. Início de época fantástico, com o Leixões em primeiro lugar durante várias jornadas e vitórias em casa de FC Porto e Sporting CP. Como recorda esses tempos?
Recordo com nostalgia e orgulho ao mesmo tempo. Foi uma época de sonho para todos nós. Conseguimos resultados históricos, sem dúvida, tínhamos um grande plantel e uma união e comunhão de objectivos muito grande.

A 11 de Junho de 2009, estreia com a camisola da Seleção Nacional A. Ainda era jogador do Leixões mas já se sabia que não ficava, face à grande época que tinha realizado e à proposta do FC Porto. Momento especial para si? Saiu com sentimento de dever cumprido do Leixões?
Despedi-me com grande tristeza do clube que representei durante três temporadas, onde fui muito feliz e muito bem tratado por toda a gente. Quando assim é, temos que ser e estar agradecidos. Foi o meu ano de estreia na Seleção A de Portugal e um orgulho ainda maior estrear-me jogando no Leixões. Na altura era muito difícil isso acontecer, porque havia pouco espaço para jogadores que não fossem de equipas grandes.


Foi campeão nacional e vencedor de duas Taças de Portugal pelo FC Porto, campeão romeno pelo CFR Cluj, passando por Braga, antes de ingressar no Sevilha. onde foi 3 vezes vencedor da Liga Europa. Acaba por ser extremamente decisivo na final, que disputou, frente ao Benfica em 2014. Foi um jogo memorável?
A final da Liga Europa com o Benfica, foi talvez o mais memorável da minha carreira. Consegui, graças a Deus, bastantes títulos na carreira, nomeadamente no Sporting CP (2), FC Porto (6), Leixões SC (1), CFR Cluj (1), SC Braga (1), Sevilha FC (3) e Seleção A Portugal (1), mas sem dúvida que essa final ficará sempre na minha memória.

Falhou, uns anos depois, o Europeu no qual Portugal se tornou campeão, numa época em que duas lesões o afastaram dos relvados durante vários meses. Ficou frustado, por não ter dado o contributo?
Sem dúvida que sim. As minhas duas lesões acabaram por ditar um afastamento prolongado dos relvados, que me impossibilitaram de jogar no Sevilha e ser assim opção para o selecionador. Mas fiquei muito feliz pela conquista, e acima de tudo orgulhoso pelos meus colegas.

Mesmo assim, voltou mais forte, cumpriu o sonho de jogar pela primeira equipa do Sporting e mudou-se para a Turquia onde, ainda hoje, é dono da baliza do Goztepe, aos 37 anos, tendo pelo meio vencido a Liga das Nações pela Seleção. Excelente vencer um título internacional, em casa, com a camisola das quinas? Como tem sido a experiência na Turquia?
Nunca baixei os braços na minha carreira e sempre lutei muito pelos meus sonhos e pelo que mais queria. Vencer um título pela minha seleção, ainda por cima em casa, foi mais um sonho realizado. A experiência, aqui na Turquia tem sido excelente a nível profissional e, apesar dos altos e baixos da equipa, tenho conseguido manter-me forte e motivar também os meus colegas.

Sente-se a jogar até que idade? Há possibilidades de voltar um dia, mesmo com o aproximar do fim da carreira, ao Leixões?
Não coloquei ainda um limite para o final de carreira. Simplesmente enquanto me sentir motivado e feliz a jogar, assim continuarei. Terminar no Leixões? Quem sabe, não descarto nenhuma opção, até porque tenho vários clubes onde gostaria de terminar.

Continua a acompanhar o “velhinho do Mar”?
Nunca deixei de acompanhar o Leixões, até porque tenho um carinho especial pelo clube. Só lamento que, desde a minha saída, estejam a ser tempos difíceis para o clube.

Gostaria de deixar uma mensagem a todos os leixonenses?
Agradecer aos leixonenses sempre todo o apoio a mim e acima de tudo ao clube... os leixonenses são incríveis e especiais!

Para finalizar, quer deixar algum apelo ou comentário sobre o estado atual do mundo, tendo em conta a pandemia?
Deixar uma mensagem de ânimo e força a todos porque estamos a atravessar tempos difíceis mas que somos um povo guerreiro e conquistador. Eu acredito que vamos vencer esta batalha! Juntos!