Catarina Costa é uma das jogadoras mais experientes do voleibol nacional e está no Leixões há cinco anos.
No seu currículo conta já com a conquista de vários Campeonatos Nacionais, Taças de Portugal, participações na Champions League e, mais recentemente, a Supertaça.
Há cinco anos no Leixões, Catarina conquistou já uma Supertaça, um Campeonato Nacional e um Campeonato Nacional da Primeira Divisão. Este ano volta a estar em todas as frentes a nível nacional e pode conquistar o Bi-Campeonato e a Taça de Portugal.
Em entrevista ao
leixoessc.pt Catarina fala sobre o seu passado no voleibol, sobre os títulos que foi conquistando, sobre as amizades que este desporto lhe foi trazendo e faz ainda um apelo aos adeptos do Leixões para apoiarem ainda mais esta equipa, agora na fase final.
Catarina, como é que surgiu essa paixão pelo voleibol?A paixão pelo voleibol surgiu quando eu tinha 10 anos. Andava na escola Flávio Gonçalves, e na altura tinha uma amiga minha que jogava voleibol. Ela desafiou-me para eu ir jogar e eu lá fui.
Qual o clube onde começaste a jogar?O primeiro clube pelo qual joguei foi na Escola Flávio Gonçalves, na Póvoa de Varzim, no mini-vólei. Fiz toda a minha formação de mini lá.
Depois disso, por quais clubes passaste?A seguir fui para as iniciadas do Clube Desportivo da Póvoa onde fiz o resto da minha formação até às juvenis. Os escalões de juniores e seniores foram feitos no Vilacondense.
Mais tarde surgiu um projeto com a formação do Clube Académico da Trofa onde iria saltar diretamente para a primeira divisão, tal como aconteceu com o Colégio do Rosário e, mais recentemente com o Sporting. O pioneiro disto foi o Clube Académico da Trofa que, na altura, reuniu uma série de jogadoras da Superliga mais umas jogadoras da seleção nacional portuguesa, conseguindo assim arrecadar os pontos e subir diretamente para a primeira divisão. Eu fiz parte deste projeto, estive no Clube Académico da Trofa durante nove anos, dos quais seis fomos campeãs nacionais. Fizemos tetra campeonato, ganhamos quatro Taças de Portugal, participamos na Champions League, que até agora foi o único clube português a participar nesta competição. No fundo, foi um grande projeto que acabou, infelizmente. Era um clube que tinha tudo para dar certo. Estive lá oito ou nove anos, até o clube acabar.
Depois fui convidada para ir para o Gueifães, onde estive dois anos, e quando saí de lá vim para o Leixões, onde estou há cinco anos.
"Representar o Leixões
é sem dúvida.
algo inexplicável!"
Depois de representares tantos clubes e da ganhares tanta coisa, qual foi o clube que mais te marcou?Não posso deixar o Clube Académico da Trofa para trás pois foi o clube onde fui pela primeira vez campeã nacional de sénior. Neste clube ganhei muita coisa, perdi muita coisa e tenho ainda muitas amizades lá, que levo para a vida. Mas representar o Leixões é, sem dúvida, algo inexplicável.
"Levo daqui amigas para a vida"
E o jogo que mais te marcou qual foi?Tenho dois jogos que me ficaram gravados na memória. Um deles é bem recente, o outro foi há uns bons anos atrás. Este último foi um jogo com o Minchanka Minsk, uma equipa da Bielorrússia. Precisávamos de ganhar a essa equipa para passar aos quartos de final da Top Team Cup pelo Clube Académico da Trofa. Tínhamos eliminado o Newbridge VC da Républica da Irlanda e o Asystel Novara da Itália. No sábado tínhamos que ganhar ao Minchanka Minsk da Bielorrússia por três a zero. Conseguimos ganhar e foi um sentimento inexplicável. No jogo mais recente, poderia falar na conquista do campeonato do ano passado, pelo Leixões, que foi um sentimento incrível conquistá-lo, mas vou antes falar da conquista da Supertaça porque foi, sem dúvida, um jogo de muita união e de muito sacrifício. Começamos mal esse jogo, mas com o espírito de entreajuda conseguimos dar a volta. Esse jogo vai ficar-me para sempre na memória e espero que estes próximos jogos também não os esqueça.

Como tem sido a tua passagem pelo Leixões?Eu quando cheguei o Leixões tinha um projeto ambicioso. Tínhamos uma equipa boa e no primeiro ano que cheguei conseguimos o terceiro lugar. Depois fomos andando, fomos sendo cada vez mais ambiciosos e no segundo ano ficamos em segundo naquela final que nos ficou atravessada. No terceiro ano foi o que podemos fazer e no quarto ano foi um somar de todo o esforço e trabalho dos outros anos. Este ano estamos na frente de todas as competições, e isso é fruto de muito trabalho. Tem sido uma experiência única.
Como é que caracterizas o grupo de trabalho este ano?Já nos conhecemos há alguns anos. Não as considero como colegas porque já somos muito mais do que isso. Temos uma sintonia, uma confidencialidade umas com as outras que vai muito além de um grupo de trabalho. Digamos que este “grupo” é a minha família pois passo mais tempo com elas do que com os meus familiares, e não me arrependo. Levo daqui amigas para a vida.
Sendo vocês uma família, conseguem ver quem está mais nervoso ou mais à vontade antes dos jogos?Sim, conseguimos ver quem está mais ansioso antes de entrar em campo. Mas é como eu digo, somos uma família, e por isso, chegamos ao pé delas, conversamos e tentámos ultrapassar o nervosismo de uma, de outra ou de todas.
É esse o segredo para tanto sucesso?Sim, penso que sim. Digamos que o segredo é muito trabalho, porque nós não jogamos só voleibol. Cada uma tem um trabalho para além deste desporto. No entanto, raramente, alguém falta ao treino. Só o facto de ao final do dia vir toda a gente treinar mesmo estando doentes, lesionadas ou cansadas mostra a nossa força. O nosso bem estar pelo grupo e nosso crer é o segredo. A equipa técnica também é muito ambiciosa e gosta de desafios e nós vamos atrás dos desafios deles. Acima de tudo, digamos que a amizade que cada uma de nós tem por cada elemento que constitui este grupo é o que nos faz andar para a frente.
"Ter tanta gente
a puxar por nós
mexe connosco"
As atletas mais velhas foram transmitindo o ambiente dos jogos do Leixões às atletas mais novas?Claro que sim. Elas ao inicio ficavam nervosas. Ter tanta gente a puxar por nós mexe connosco. Por exemplo, a única atleta que está no Leixões pela primeira vez é a Emília. Ela veio do Ribeirense e via alguns jogos do Leixões e sabia que tínhamos uma claque fantástica. Mas o saber, o ver, o estar do outro lado é completamente diferente do estar no Leixões e sentir o apoio desta gente toda. Ao inicio estava nervosa mas lá se foi habituando.
Qual foi a sensação de jogar pela primeira vez no Leixões?Já foi há uns tempos atrás e não me recordo muito bem. No entanto, acho que foi um jogo do Leixões contra o Ribeirense e estava taco a taco. De repente o pavilhão começa todo a saltar, toda a gente aos gritos. Aquele era o primeiro jogo que nós tínhamos, o pavilhão estava lotado com tanta gente e aquele ambiente estava-me a arrepiar. Na altura eu estava com a minha colega, Ana Monteiro, e lembro-me de ela me ter dito “Bem-vinda ao Leixões”. Estava estupefacta porque, normalmente, estes ambientes só se vêem no futebol. E ao ver os adeptos todos a vibrarem daquela maneira é algo realmente único. É muito bom jogar assim.
Qual é a tua opinião sobre a época do voleibol masculino?Os rapazes estão a fazer uma boa época. Conseguiram ficar nos oito primeiros lugares e estão também na Final-Four da Taça de Portugal. Espero que eles consigam chegar o mais longe possível nesta competição pois nestes jogos qualquer equipa, esteja em que posição estiver pode vencer. Acredito muito no trabalho dos rapazes. Acho que eles trabalham bem e são também muito bem liderados, daí a minha confiança.
Que balanço fazes desta época da vossa equipa?Tem sido bastante positiva. Mantivemo-nos nas frentes todas a que nos propusemos. Desde logo conquistamos a Supertaça no inicio da época. Estamos também na Final-Four da Taça de Portugal que vai ser disputada no fim deste mês e estamos também na final do Campeonato de Elite. A equipa está muito motivada para voltar a conquistar o Campeonato Nacional e conquistar a Taça de Portugal. Motivação não nos falta e vontade também não.
Estando tu ligada ao desporto há tantos anos, que conselhos darias aos atletas mais jovens?Felizmente o Leixões tem uma formação muito grande com muitos rapazes e raparigas nos mais variados desportos. O que eu realmente posso dizer é que, se gostam mesmo do que estão a fazer não desistam. Nada cai do céu e uma pessoa tem que trabalhar mesmo muito. E se realmente eles gostam daquilo que fazem têm que trabalhar muito e abdicar de muita coisa. Nunca se pode desistir daquilo que se gosta e com trabalho é possível chegar a uma equipa sénior, jogar lá fora ou mesmo jogar numa seleção nacional. Com trabalho tudo é possível.
Por fim, tens alguma mensagem que queiras deixar aos adeptos do Leixões?Antes de mais, quero agradecer-lhes por todo o apoio que nos têm dado até agora. Eles têm sido fundamentais e são fundamentais. Queria pedir-lhes que nesta última fase nos continuem a apoiar porque nós queremos muito trazer o Bi-Campeonato para Matosinhos. Vamos fazer de tudo para conseguir revalidar o titulo. Precisamos muito deles. Contamos com eles nas nossas finais e queremos que nos apoiem efusivamente. Vamos lutar por Matosinhos e pelos adeptos do Leixões para tentar revalidar o titulo, o que não vai ser nada fácil.